A Fada e a Chouriça
No tempo das fadas dizia-se que estas desciam pelas chaminés. E quem tivesse a sorte de ser visitado por alguma, receberia um, dois ou três dons, consoante ela dissesse.
Estava então um casal a fazer serão, aproveitando o calor das últimas brasas, quando lhes vem da chaminé uma fada que lhes ofereceu três dons. Era só pedi-los. A seguir desapareceu.
O homem e a mulher, perante tal oferta, puseram-se logo a discutir um com o outro. Ele queria uma coisa, ela queria outra. Não se entendiam.
Até que a mulher, no meio da discussão, olha para as brasas ainda vivas e exclama:
– Que ricas brasas para assar uma chouriça!
Acaba de o dizer, e eis que da chaminé lhes cai uma chouriça, em cheio, em cima das brasas. O homem ficou muito arreliado com a mulher, pois acabaram de perder um dos três dons que a fada lhes havia concedido, e eis que lhe roga uma praga:
– Pena que não te tenha ficado pendurada no nariz!
Mal acaba de o dizer, a chouriça salta das brasas e vai pendurar-se no nariz da mulher, e não saia por nada. A mulher pôs-se a gritar muito alto e pedia ao homem para a ajudar, mas ele não conseguia fazer nada. Tiveram então de usar o último dos três dons para que a fada tirasse a chouriça do nariz da mulher.
Continuaram assim pobres, restando-lhes apenas a chouriça.