Lenda das Mouras Encantadas
Esta lenda está relacionada com a Cova da Moura, no local de Batocas, antigo povoamento castrejo.
Um pastor que ia com as vacas para o pasto deu conta que, de vez em quando, uma das suas vacas desaparecia. Procurava-a, mas não a encontrava. Depois a vaca aparecia para os lados da Cova da Moura.
Um dia o pastor resolveu vigiar a vaca, pois já andava intrigado com o que sucedia. Qual não foi o seu espanto quando viu a vaca entrar numa caverna. Resolveu ir atrás dela, entrando também na gruta. Quando ali chegou ficou admirado perante o espetáculo que os seus olhos apreciavam: uma moura a dobar numa dobadoura de ouro e outra a mugir a vaca, e esta a comer erva e bolotas de carvalho.
As mouras ficaram surpreendidas com o intruso e pediram ao pastor para que nada dissesse a propósito do que tinha visto. Como compensação, deram-lhe uma panela de ouro e pediram-lhe que se fosse embora e que não olhasse para trás até chegar à aldeia de Ardãos. Mas o pastor, ao chegar ao alto da Seara, não se conteve, olhou para trás e também quis ver que o que estava dentro da panela era mesmo outro. O que viu foi uma panela cheia de carvão, pelo que a despejou ali mesmo, aborrecido.
Entretanto, levou a panela para casa e contou à mãe o que tinha sucedido. A mãe, curiosa, ainda abriu a panela e, com admiração, reparou que tinha dentro um cordão de ouro. Então, o rapaz disse-lhe que despejara a panela no Alto da Seara por ter visto na altura que só tinha carvão. A mãe disse-lhe para irem ambos ao sítio onde havia despejado a panela. Quando lá chegaram, não viram nada. Tudo havia desaparecido porque ele não cumpriu a ordem das mouras para não olhar para trás.