Lenda da Maria Mantela
Esta lenda fala de um casal que vivia em Chaves no século XVI. Era um casal que não tinha filhos e, por isso, viviam infelizes.
Um dia, enquanto passeavam, uma pobre mulher com dois filhos gémeos nos braços pediu-lhes esmola. O marido, Fernão Gralho, com pena dela, deu-lhe uma boa esmola. A esposa, Maria Mantela, não aprovou esta decisão porque achava que filhos gémeos eram fruto de infidelidade. A mulher pobre, magoada, disse a Maria Mantela que um dia Deus iria castigá-la.
Maria Mantela engravidou e deu à luz sete crianças, decidindo livrar-se logo de seis deles, por recear que achassem que ela traíra o seu marido, tendo em conta aquilo em que acreditava. A criada que ficou encarregada de afogar os seis bebés no rio Tâmega encontrou Fernão Gralho pelo caminho, estando este de regresso da caça.
Este decidiu entregar os bebés a seis amos que os criassem, até os poder apresentar, já com sete ano, no dia da festa de S. Brás.
Neste dia, os sete filhos de Maria Mantela são-lhe apresentados todos como seus filhos, visto ela não reconhecer aquele que tinha sido criado consigo. Ao aperceber-se do seu erro fica gravemente doente. Os filhos são mandados para o seminário estudar e foram mais tarde ordenados sacerdotes de sete aldeias vizinhas.
No dia em que foi comemorado esse acontecimento, os filhos perdoaram a sua mãe que afirmou já poder morrer em paz. Foi colocada depois na Igreja Matriz de Chaves uma lápide em sua honra e dos seus sete filhos.”